Por Silvia Marcuzzo, para o Mercado Ético*
Esse negócio de Grenal, Flaflu, ruralista versus ambientalista, bicicleta versus carro, não está com nada! Pior. Tem estado com tudo na mídia, que alimenta o ódio entre as partes. Nós jornalistas, onde me incluo como parte dessa categoria tão desvalorizada ao longo do tempo, temos tido pouco cuidado ao explicar o contexto de ambas as partes em nossas matérias.
E essa é uma questão perigosa. Tremendamente perigosa para todos, inclusive para nós, os jornalistas, que no afã de terminar uma reportagem, não conseguimos ouvir lados importantes de uma determinada questão. Hellooo leitores, ouvintes, telespectadores! Vocês exigem algum tipo de qualidade daquilo que ingerem como informação ou tudo que lhe passam é digerido como verdade?
Agora pergunto: O que é licenciamento ambiental? Por que ele existe? O que significa não se estudar antes o impacto de um empreendimento? Não tenho visto, infelizmente, colegas escreverem ou explicarem questões importantes, que afetam a vida de milhares – até mesmo milhões – de pessoas direta ou indiretamente. Infelizmente, alguns colegas, bravos colegas que resistem nas redações, acreditam nas palavras colocadas por um determinado segmento que tem certos interesses e, portanto, deveria ter sua credibilidade questionada.
É óbvio que a imparcialidade não existe. Aí é que me pergunto: será que a nossa imprensa está assim porque a sociedade organizada não está sabendo chegar até ela? Será que a sociedade está realmente preocupada com a qualidade da informação? Por que mesmo as leis foram estipuladas?
Enfim, coloco essas questões sem vislumbrar nenhuma resposta. E fico extremamente indignada quando leio o artigo de uma articulista da Folha de S. Paulo que saiu no último final de semana. Veja só um trecho: Pois parece que tudo o que não precisamos no momento é trazer para nossos indomados centros urbanos os problemas que ainda não são nossos. Ou melhor, que por ora pertencem apenas a um grupo de garotos mimados e com mais disciplina para exercitar músculos do que para enxergar o próximo. Não me venha dizer que estar “engajado na defesa da bicicleta como meio de transporte” é uma reivindicação que faz sentido para a população de baixa renda.
Ela tem o direito de escrever o que pensa.Viva a liberdade de imprensa! Mas o que eu pergunto é como uma pessoa como essa tem o espaço que tem? Sinal que muita gente deve estar pensando como ela?
Outra. Também é comum ler reportagens chamando licenciamento ambiental de burocracia. Muitos jornalistas são insuflados, pressionados a pressionar órgãos ambientais para que as licenças sejam concedidas. Mas será que eles sabem o que é, de fato, uma licença? Ou quantas pessoas são pagas pelos governos para trabalhar no processo de licenciamento? A questão de fundo é se a sociedade sabe o que significa transformar os órgãos ambientais em cartórios, com finalidades puramente burocráticas.
Não, não quero que isso vire uma guerra entre o público e o privado. Apenas acho que nós, jornalistas, precisamos saber perguntar e nos colocar no lugar de um público que está começando a compreender as complexidades da tão falada, mas mal entendida e com seu santo nome em vão tão evocado, a tal sustentabilidade. Ou melhor: Para que mesmo servem as árvores? Por que elas são importantes na beira do rio? Os rios são todos iguais, com a mesma vazão? E o que são Áreas de Preservação Permanente? Será que algum colega se perguntou sobre isso antes de escrever ou falar para uma audiência de milhões de pessoas? Afinal, nem tudo é relativo. Para a natureza, as coisas simplesmente são como são. E ponto final!
*Publicado originalmente no blog da autora, no site Mercado Ético – http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/grenal-bicicleta-versus-carro-ruralista-versus-ambientalista/#
Esse negócio de Grenal, Flaflu, ruralista versus ambientalista, bicicleta versus carro, não está com nada! Pior. Tem estado com tudo na mídia, que alimenta o ódio entre as partes. Nós jornalistas, onde me incluo como parte dessa categoria tão desvalorizada ao longo do tempo, temos tido pouco cuidado ao explicar o contexto de ambas as partes em nossas matérias.
E essa é uma questão perigosa. Tremendamente perigosa para todos, inclusive para nós, os jornalistas, que no afã de terminar uma reportagem, não conseguimos ouvir lados importantes de uma determinada questão. Hellooo leitores, ouvintes, telespectadores! Vocês exigem algum tipo de qualidade daquilo que ingerem como informação ou tudo que lhe passam é digerido como verdade?
Agora pergunto: O que é licenciamento ambiental? Por que ele existe? O que significa não se estudar antes o impacto de um empreendimento? Não tenho visto, infelizmente, colegas escreverem ou explicarem questões importantes, que afetam a vida de milhares – até mesmo milhões – de pessoas direta ou indiretamente. Infelizmente, alguns colegas, bravos colegas que resistem nas redações, acreditam nas palavras colocadas por um determinado segmento que tem certos interesses e, portanto, deveria ter sua credibilidade questionada.
É óbvio que a imparcialidade não existe. Aí é que me pergunto: será que a nossa imprensa está assim porque a sociedade organizada não está sabendo chegar até ela? Será que a sociedade está realmente preocupada com a qualidade da informação? Por que mesmo as leis foram estipuladas?
Enfim, coloco essas questões sem vislumbrar nenhuma resposta. E fico extremamente indignada quando leio o artigo de uma articulista da Folha de S. Paulo que saiu no último final de semana. Veja só um trecho: Pois parece que tudo o que não precisamos no momento é trazer para nossos indomados centros urbanos os problemas que ainda não são nossos. Ou melhor, que por ora pertencem apenas a um grupo de garotos mimados e com mais disciplina para exercitar músculos do que para enxergar o próximo. Não me venha dizer que estar “engajado na defesa da bicicleta como meio de transporte” é uma reivindicação que faz sentido para a população de baixa renda.
Ela tem o direito de escrever o que pensa.Viva a liberdade de imprensa! Mas o que eu pergunto é como uma pessoa como essa tem o espaço que tem? Sinal que muita gente deve estar pensando como ela?
Outra. Também é comum ler reportagens chamando licenciamento ambiental de burocracia. Muitos jornalistas são insuflados, pressionados a pressionar órgãos ambientais para que as licenças sejam concedidas. Mas será que eles sabem o que é, de fato, uma licença? Ou quantas pessoas são pagas pelos governos para trabalhar no processo de licenciamento? A questão de fundo é se a sociedade sabe o que significa transformar os órgãos ambientais em cartórios, com finalidades puramente burocráticas.
Não, não quero que isso vire uma guerra entre o público e o privado. Apenas acho que nós, jornalistas, precisamos saber perguntar e nos colocar no lugar de um público que está começando a compreender as complexidades da tão falada, mas mal entendida e com seu santo nome em vão tão evocado, a tal sustentabilidade. Ou melhor: Para que mesmo servem as árvores? Por que elas são importantes na beira do rio? Os rios são todos iguais, com a mesma vazão? E o que são Áreas de Preservação Permanente? Será que algum colega se perguntou sobre isso antes de escrever ou falar para uma audiência de milhões de pessoas? Afinal, nem tudo é relativo. Para a natureza, as coisas simplesmente são como são. E ponto final!
*Publicado originalmente no blog da autora, no site Mercado Ético – http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/grenal-bicicleta-versus-carro-ruralista-versus-ambientalista/#
Envolverde
Envolverde é uma revista digital que aborda assuntos ligados ao Meio ambiente, Educação e Sustentabilidade. É vencedora do 6º. Prêmio Ethos de Jornalismo na Categoria Mídia Digital.