Saroja Coelho, Deutsche Welle - Após pressão de organizações ambientalistas, a Asia Pulp and Paper (APP) se comprometeu a explorar madeira de forma sustentável. A companhia é acusada de ter destruído dois milhões de hectares de mata nativa nos últimos 30 anos.
As exuberantes florestas da ilha de Sumatra, na Indonésia, têm sido submetidas a uma das mais velozes atividades de desmatamento do planeta. Tratores de empresas como APP, de Singapura, derrubaram as florestas e deixaram para trás uma terra revirada, tirando o habitat de elefantes, tigres e orangotangos.
As árvores são usadas para produzir papel higiênico, papel-toalha, guardanapos e lenços de papel para consumidores do Ocidente. De acordo com a organização ambientalista WWF, a APP e suas fornecedoras seriam responsáveis, em Sumatra, por uma devastação maior do que qualquer outra empresa.
"Desde que começou suas atividades, em 1984, acredita-se que a APP e suas afiliadas tenham devastado mais de dois milhões de hectares de floresta tropical em Sumatra, e recentemente começaram um desmatamento intenso no oeste e leste de Kalimantan", afirmou Michaell Stuewe, biólogo da WWF, em entrevista à DW.
Novo acordo de proteção florestal
Agora, os tratores da gigante do papel e celulose silenciaram. Em um novo acordo, intermediado pela ONG Forest Trust, a APP anunciou que vai acabar com a devastação de florestas em sua cadeia de fornecimento na Indonésia. A companhia prometeu trabalhar apenas em regiões onde não há florestas e afirmou que vai proteger áreas de turfa, que acumulam quantidades significativas de carbono.
A empresa ainda concordou em respeitar os direitos dos povos indígenas que vivem nas áreas onde as novas plantações foram sugeridas. Por meio de um comunicado, a diretora de sustentabilidade da APP, Aida Greenbury, declarou: "Nossa nova política de conservação florestal nos coloca no caminho para nos tornarmos líderes globais no ramo de papel produzido exclusivamente com fontes sustentáveis".
Sob pressão
A reviravolta da Asia Pulp and Paper no que diz respeito à proteção de florestas é resultado direto de uma campanha encabeçada pelo Greenpeace. Em 2011, a organização ambientalista apresentou evidências de que árvores ramin da floresta da Indonésia foram derrubadas, cortadas e se transformaram em papel. Essas árvores crescem em pântanos de turfa, onde tigres de Sumatra costumam caçar. É proibido cortá-las.
O Greenpeace citou ainda o nome de 11 empresas que fazem negócios com a APP – muitas, incluindo grandes marcas como Danone, Xerox e Tchibo, suspenderam seus contratos com a papeleira. Na Alemanha, muitas editoras receberam pedidos para participar do boicote ao se descobrir que vários livros infantis haviam sido impressos com papel originário das florestas da Indonésia.
"A pressão do Greenpeace surtiu grande efeito", afirmou Julien Troussier, diretor de comunicação da Forest Trust, organização não-governamental que ajuda empresas a melhorar seu desempenho com relação ao meio ambiente. Troussier disse à DW que a campanha pelo boicote foi um passo importante, mas também foi essencial apoiar a empresa na transição para adotar práticas sustentáveis.
Ainda não se sabe se a APP será capaz de reconquistar sua base perdida de clientes. "As ações da APP não corresponderam à nossa visão de obter lucro de maneira ambientalmente viável", explica Stefan Dierks, gerente sênior de responsabilidade corporativa da empresa alemã Tchibo.
Ele diz que sua empresa tem conhecimento das ações da companhia asiática para acabar com o desmatamento de florestas nativas em sua cadeia de fornecimento. Quando perguntado se iria retomar os contratos com a APP, Dierks disse apenas que a Tchibo louva a decisão da APP e que observará o progresso da companhia.
Mudança ou maquiagem?
Cientistas do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, na Indonésia, dizem que a APP já fizera promessas sobre manejo florestal sustentável no passado e continuou destruindo grandes florestas de turfas.
"Esperamos que desta vez a empresa cumpra o que prometeu", afirmou o biólogo Michael Stuewe, da WWF. "Mas pedimos aos clientes que esperem a confirmação dessas promessas por meio de um monitoramento independente, realizado pela sociedade civil, antes de voltar a fazer negócios com a APP."
Troussier, no entanto, está mais otimista. Ele concorda que a companhia falhou em cumprir promessas no passado, mas afirmou que, desta vez, especialistas em proteção florestal estarão presentes para monitorar as operações.
A empresa ainda concordou em respeitar os direitos dos povos indígenas que vivem nas áreas onde as novas plantações foram sugeridas. Por meio de um comunicado, a diretora de sustentabilidade da APP, Aida Greenbury, declarou: "Nossa nova política de conservação florestal nos coloca no caminho para nos tornarmos líderes globais no ramo de papel produzido exclusivamente com fontes sustentáveis".
Sob pressão
A reviravolta da Asia Pulp and Paper no que diz respeito à proteção de florestas é resultado direto de uma campanha encabeçada pelo Greenpeace. Em 2011, a organização ambientalista apresentou evidências de que árvores ramin da floresta da Indonésia foram derrubadas, cortadas e se transformaram em papel. Essas árvores crescem em pântanos de turfa, onde tigres de Sumatra costumam caçar. É proibido cortá-las.
O Greenpeace citou ainda o nome de 11 empresas que fazem negócios com a APP – muitas, incluindo grandes marcas como Danone, Xerox e Tchibo, suspenderam seus contratos com a papeleira. Na Alemanha, muitas editoras receberam pedidos para participar do boicote ao se descobrir que vários livros infantis haviam sido impressos com papel originário das florestas da Indonésia.
"A pressão do Greenpeace surtiu grande efeito", afirmou Julien Troussier, diretor de comunicação da Forest Trust, organização não-governamental que ajuda empresas a melhorar seu desempenho com relação ao meio ambiente. Troussier disse à DW que a campanha pelo boicote foi um passo importante, mas também foi essencial apoiar a empresa na transição para adotar práticas sustentáveis.
Ainda não se sabe se a APP será capaz de reconquistar sua base perdida de clientes. "As ações da APP não corresponderam à nossa visão de obter lucro de maneira ambientalmente viável", explica Stefan Dierks, gerente sênior de responsabilidade corporativa da empresa alemã Tchibo.
Ele diz que sua empresa tem conhecimento das ações da companhia asiática para acabar com o desmatamento de florestas nativas em sua cadeia de fornecimento. Quando perguntado se iria retomar os contratos com a APP, Dierks disse apenas que a Tchibo louva a decisão da APP e que observará o progresso da companhia.
Mudança ou maquiagem?
Cientistas do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, na Indonésia, dizem que a APP já fizera promessas sobre manejo florestal sustentável no passado e continuou destruindo grandes florestas de turfas.
"Esperamos que desta vez a empresa cumpra o que prometeu", afirmou o biólogo Michael Stuewe, da WWF. "Mas pedimos aos clientes que esperem a confirmação dessas promessas por meio de um monitoramento independente, realizado pela sociedade civil, antes de voltar a fazer negócios com a APP."
Troussier, no entanto, está mais otimista. Ele concorda que a companhia falhou em cumprir promessas no passado, mas afirmou que, desta vez, especialistas em proteção florestal estarão presentes para monitorar as operações.
"O nível de comprometimento é bastante diferente", afirmou o diretor de comunicação da Forest Trust. " O nível de transparência é diferente. Eles deram às ONGs acesso aos dados. Estamos bem informados sobre as operações deles, da plantação à industrialização. Há satélites monitorando as áreas para ter certeza de que o compromisso está sendo respeitado. Sentimos que esse é um ponto de virada para a companhia, para as florestas da Indonésia e para o mundo."