Em um vídeo – intitulado Let’s kick oil while the price is down (Vamos largar o petróleo enquanto o preço está baixo, em tradução livre) -, gravado para o site do jornal britânico The Guardian, Naomi cita como algumas crises mundiais deflagraram importantes e positivas transformações econômicas e sociais.
Ela acredita que as mudanças climáticas podem ter o mesmo papel no cenário atual. Lembra, por exemplo, como o desastre nuclear em Fukushima fez com que organizações ambientais na Alemanha saíssem às ruas e exigissem do governo uma mudança radical na matriz energética do país. Atualmente, 30% da eletricidade alemã vem de energias renováveis.
Para Naomi, a atual queda de 50% no preço do barril do petróleo nos últimos seis meses pode ser um destes acontecimentos catalisadores. “Acho que é a hora de criarmos um imposto significativo sobre o carbono, caso não o façamos, o preço baixo do petróleo vai continuar estimulando o investimento neste setor”, afirma.
A implantação de impostos sobre os combustíveis fósseis agora – enquanto o valor do barril está baixo – seria um processo transitório mais fácil de ser absorvido por empresas, governos e consumidores e estimularia o investimento em renováveis. Este seria o momento ideal para companhias do mundo todo pararem de investir na exploração e comercialização de combustíveis fósseis.
Naomi defende que, ao incentivar o desenvolvimento de tecnologias limpas, os países estariam dando mais poder ao cidadão e a força de decisão e controle de preços e modelos econômicos seria retirada da mão das grandes multinacionais. “Se o dinheiro público for investido em energia, deve ser feito nas renováveis. Gerar empregos neste setor faz muito mais sentido”, diz a ativista.
A ativista canadense é autora de diversos livros, entre eles duas obras sobre as mudanças climáticas: Doutrina do Choque: a Ascensão do Capitalismo de Desastre, lançado em 2007, e This Changes Everything: Capitalism vs the Climate (Isto Muda Tudo: Capitalismo Versus Clima, ainda não traduzido no Brasil), publicado no ano passado (leia resenha escrita pelo sociólogo Ricardo Abramovay).
Ela é a mais nova e influente voz a se juntar à campanha Keep it in the ground, promovida pelo jornal inglês britânico The Guardian, em prol dodesinvestimento em combustíveis fósseis.