Até doze vezes mais que estimativas governamentais
Desde os anos Bush, agências governamentais nos EUA, como a Agência de Proteção Ambiental, o Conselho de Assessores Econômicos e o Departamento de Transportes vem calculando os custos econômicos dos danos causados pelas emissões de CO2 e a mudança do clima resultante. Depende de quem faz o cálculo e da metodologia (modelagem econômica baseada em crescimento projetado, comportamento do clima e danos físicos correlatos), estas estimativas variam de U$ 5.50 a U$ 72 por tonelada. Mas um novo estudo diz que estas estimativas são muito baixas. Em 2010, uma tonelada de CO2 na atmosfera custou U$ 893 em danos econômicos, ou mais de 12 vezes a estimativa mais alta.
Depois de uma análise independente, a Economics for Equity and Environment (E3), uma rede de economistas que publicou o relatório, fez a descoberta. Até 2050, diz o grupo, este custo poderá chegar a U$ 1550 por tonelada de CO2 emitida (uma tonelada é mais ou menos o que você emite na atmosfera dirigindo um carro durante dois meses e meio). As agências do governo reconhecem que suas estimativas são "imperfeitas e completas", mas o E3 diz que é pior que isso: elas omitem "muitos dos riscos associados à mudanca do clima", e subestimam "o impacto de emissões atuais em gerações futuras", relata a Mother Nature Newtwork.
Ao pesar os custo dos danos da mudança do clima, ou o que economistas chamam de "custo social do carbono", pode-se avaliar quanto dinheiro poderia ser economizado para evitá-los. Um modo de olhar a questão a trata como um cuidado preventivo da saúde do ambiente. Economistas podem examinar os custos físicos de um desastre como as enchentes do rio Mississipi (que levaram a danos estimados entre U$ 1 bilhão e U$ 2 bilhões) e calcular o quanto se poderia economizar evitando coisas como estas no futuro. Colocar esta etiqueta de preço em emissões de CO2 é muito útil quando se cogita regulamentações que possam diminuir emissões, como os padrões de qualidade de aparelhos eletrodomésticos, economia de combustível de automóveis ou legislações de energia mais amplas.
Mas por que a enorme discrepância nas estimativas? Definir o "custo social do carbono" é como um jogo de adivinhação, porque é quase impossível prever precisamenre aumentos de temperatura, que podem variar e levar a diferentes resultados, dependendo da região onde você vive. "Cientistas não podem afirmar definitivamente que certos níveis de poluição vão resultar em impactos particulares, o que significa que as consequências para os humanos pode ser muito menores ou muito mais severas que a estimativa média", de acordo com um recente relatório sobre o assunto do World Resources Institute. Para complicar ainda mais as coisas. o relatório do E3 aponta que "não há consenso sobre a longa controvérsia da maneira apropriada de avaliar os custos futuros e os benefícios da mudança do clima".