Antonio Marinho, O Dia - Pesca predatória, especulação imobiliária, poluição, destruição da fauna e da flora. São muitos os ataques à natureza; agressões que, em grande parte, estão relacionadas a conflitos ambientais no país; pelo menos 300.
Eles têm impacto na saúde de populações urbanas e rurais, em especial indígenas, agricultores e quilombolas. Os dados fazem parte do Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde, elaborado pela Fiocruz e ONG Fase, com o apoio do Ministério da Saúde.
As injustiças ambientais pioram a qualidade vida e acabam com culturas e tradições. Um exemplo: quando pessoas vivem em áreas poluídas e sem infraestrutura, próximas a grandes empreendimentos, fábricas poluentes ou lixões, em busca de empregos, sofrem doenças.
Segundo Marcelo Firpo, coordenador do projeto e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), violência e falta e/ou dificuldade de acesso a alimentos são problemas graves decorrentes dos conflitos ambientais. A qualidade de vida, diz Firpo, costuma ser avaliada por dados objetivos, como longevidade, acesso a sistema de saúde, renda etc.
O Mapa indica que o atual modelo de desenvolvimento é socialmente injusto e ambientalmente insustentável. “Ele degrada e impõe de forma desigual o lado sujo do progresso, como desmatamento e contaminação, pelos impactos da produção do agronegócio, da mineração e de fábricas de ferro, aço etc”.
‘Proteção aos povos tradicionais’
O principal critério para inclusão de um conflito no Mapa é a existência de situações de injustiça ambiental, em que há de fato mobilização em torno de seu enfrentamento. Diogo Rocha, um dos pesquisadores do projeto, diz que, no Estado do Rio, são pelo menos 25 conflitos. “Um deles envolve os moradores e pescadores ao redor da siderúrgica TKCSA, uma fábrica poluente que intensificou a degradação da Baía de Sepetiba”.
O Mapa amplia o debate público sobre as situações de injustiças vividas pelas populações, afirma Diogo: “Um objetivo é estimular que o SUS atue de forma mais clara em relação aos casos; no atendimento de populações afetadas pela poluição, na vigilância ambiental e de povos tradicionais, como indígenas e quilombolas. A sociedade capitalista, produtivista e consumista tem muito a aprender com tais povos em vez de destruí-los”.
04/02/2013