Ludmila do Prado, Revista Sustentabilidade - São dois termos diferentes, mesmo que os dois tratem de reduzir e conter impactos ao meio ambiente. No entanto, o primeiro, foca em tecnologias de menor escala, local, buscando otimizar o poder da natureza de absorver nossos dejetos biológicos.Daqui, entra também o conceito de saneamento descentralizado, ou seja, que não depende de grandes redes coletoras e distribuidoras que necessitam ser implantadas por grandes empresas a grandes custos de capital. A linha conceitual é: cada casa ou edifício pode tratar seu próprio esgoto, e não enviar para longe.Usar a natureza para processar nossos dejetos não é voltar a um passado e nem é um ideal idílico da vida no campo. Pelo contrário, é uma tentativa de fechar o ciclo e otimizar as vantagens da própria natureza que ‘criou’ este ciclo e vem funcionando a milhões de anos.
Apesar do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) se concentrar em sistemas de redes para atingir a ‘universalização’ em 2030, ele menciona o saneamento ecológico no contexto de aplicação das melhores tecnologias adequadas para cada situação. No Brasil, existem cerca de 10 grupos de pesquisas reconhecidos pelo CNPq tratando desta questão e há, no âmbito da Financiadora de Projetos e Pesquisa (Finep) linhas específicas para a apoiar tais pesquisas.
Em linhas gerais, estes cientistas estão investigando como tratar localmente os dejetos humanos e de animais do ponto de vista de transformar-los em algo útil, fechando o ciclo. Veja abaixo seis tecnologias sendo estudadas no mundo e no Brasil:
1. Banheiro seco para uso de urina como biofertilizante: o modelo não utiliza água, ou seja, não possui descarga. Possui um sistema que usa óleo vegetal para bloquear o odor, que impede por diferença de densidade, a liberação de vapores provenientes da urina. Isso permite que a própria água da urina seja o meio de condução do dejeto para um acumulador. Daí, os pesquisadores estudam a capacidade da natureza absorver a urina, rica e nitrogênio, dosando o excremento como fertilizante. Apesar de ser aplicável em áreas rurais, alguns pesquisadores sugerem a adoção em regiões urbanas onde há necessidade do uso do biofertilizante. No solo, vivem micro-organismos que consomem a urina, alimentando as plantas.
2. Banco de urina: Em funcionamento no Nepal o banco de urina parte do princípio do banheiro seco e o alia a um valor econômico já que a urina pode ser convertida em adubo nitrogenoso e vendido para agricultores. O cálculo é que um colaborador possa coletar cerca de mil litros de urina por semana de casas com banheiros especialmente desenhados para separar a urina.
3. Wetlands: chamados de banhados artificiais, o sistema consiste em construir tanques preenchidos com areia e cascalho ou outros materiais que possam servir de meio suporte ao crescimento de plantas aquáticas (macrófitas). Nesse sistema, diversos processos biológicos promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio de populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante. Papiros, bananeiras, bambu, taboa e outras plantas hidrófilas ou aquáticas. A água sai limpa, mas não-potável. Não são as plantas que filtram o esgoto, mas sim as bactérias e os frutos da bananeira, por exemplo, podem ser consumidos, apenas as raízes não podem. No IPEMA – Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica é uma instituição que já vem se beneficiando da prática.
4. Tanque de evapotranspiração ou fossa de bananeira: muito parecido com wetlands, porém o resultado é água em forma de evaporação ou transpiração das plantas que ficam em cima da bacia. Não há efluentes.Esse sistema, na permacultura, é conhecido como “Bacia de Evapotranspiração”. É um sistema fechado, não há saída de água dele, seja para para filtros ou sumidouros. Sua variação “círculo de bananeira” é uma técnica complementar usada para tratamento de águas cinzas.
5. Fossa séptica biodigestora: projeto desenvolvido pela Embrapa e em funcionamento em mais de 5800 unidades em todo o Brasil, de forma espontânea pelo próprio agricultor ou apoiado por instituições como a Fundação Banco do Brasil, CATI, Incra, entre outras públicas, bem como instituições privadas como a Fundação Cargill, por exemplo. Consiste em instalar tanques subterrâneos, com capacidades calculadas a partir do número de residentes. O sistema gera um adubo orgânico líquido que está sendo bastante empregado em fertirrigação. É de fácil instalação e baixo custo. O sistema é composto por três caixas de fibra de vidro interligadas. Mensalmente é adicionada ao sistema uma mistura de água e esterco bovino fresco, que fornece as bactérias que estimulam a biodigestão dos dejetos, transformando-os em um adubo orgânico. A Fossa Séptica Biodigestora não gera odores, não prolifera ratos, baratas e escorpiões, não contamina o meio ambiente, reduz gastos com insumos, ajuda a aumentar a produtividade e, principalmente, melhora as condições de saneamento básico dos moradores.
6. Segregação de águas cinzas e reúso: as águas cinzas são provenientes de pias, máquinas de lavar e banhos e possuem baixa contaminação. O Brasil já possui norma técnica, da ABNT que trata do tema: A NBR 13969 de 1997 no item que trata do reúso local, afirma que: “No caso do esgoto de origem essencialmente doméstica ou com características similares, o esgoto tratado deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais como irrigação dos jardins, lavagem dos pios e dos veículos automotivos, na descarga dos vasos sanitários, na manutenção paisagística dos lagos e canais com água, na irrigação dos campos agrícolas e pastagens”. Nos Estados Unidos, várias normas e leis tem sido criadas visando a permissão e/ou incentivo do reúso das águas cinzas. Neste país, a prioridade é o reúso em irrigação subterrânea e vários estados possuem suas cartilhas que auxiliam a montagem e implantação de sistemas.
Apesar do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) se concentrar em sistemas de redes para atingir a ‘universalização’ em 2030, ele menciona o saneamento ecológico no contexto de aplicação das melhores tecnologias adequadas para cada situação. No Brasil, existem cerca de 10 grupos de pesquisas reconhecidos pelo CNPq tratando desta questão e há, no âmbito da Financiadora de Projetos e Pesquisa (Finep) linhas específicas para a apoiar tais pesquisas.
Em linhas gerais, estes cientistas estão investigando como tratar localmente os dejetos humanos e de animais do ponto de vista de transformar-los em algo útil, fechando o ciclo. Veja abaixo seis tecnologias sendo estudadas no mundo e no Brasil:
1. Banheiro seco para uso de urina como biofertilizante: o modelo não utiliza água, ou seja, não possui descarga. Possui um sistema que usa óleo vegetal para bloquear o odor, que impede por diferença de densidade, a liberação de vapores provenientes da urina. Isso permite que a própria água da urina seja o meio de condução do dejeto para um acumulador. Daí, os pesquisadores estudam a capacidade da natureza absorver a urina, rica e nitrogênio, dosando o excremento como fertilizante. Apesar de ser aplicável em áreas rurais, alguns pesquisadores sugerem a adoção em regiões urbanas onde há necessidade do uso do biofertilizante. No solo, vivem micro-organismos que consomem a urina, alimentando as plantas.
2. Banco de urina: Em funcionamento no Nepal o banco de urina parte do princípio do banheiro seco e o alia a um valor econômico já que a urina pode ser convertida em adubo nitrogenoso e vendido para agricultores. O cálculo é que um colaborador possa coletar cerca de mil litros de urina por semana de casas com banheiros especialmente desenhados para separar a urina.
3. Wetlands: chamados de banhados artificiais, o sistema consiste em construir tanques preenchidos com areia e cascalho ou outros materiais que possam servir de meio suporte ao crescimento de plantas aquáticas (macrófitas). Nesse sistema, diversos processos biológicos promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio de populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante. Papiros, bananeiras, bambu, taboa e outras plantas hidrófilas ou aquáticas. A água sai limpa, mas não-potável. Não são as plantas que filtram o esgoto, mas sim as bactérias e os frutos da bananeira, por exemplo, podem ser consumidos, apenas as raízes não podem. No IPEMA – Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica é uma instituição que já vem se beneficiando da prática.
4. Tanque de evapotranspiração ou fossa de bananeira: muito parecido com wetlands, porém o resultado é água em forma de evaporação ou transpiração das plantas que ficam em cima da bacia. Não há efluentes.Esse sistema, na permacultura, é conhecido como “Bacia de Evapotranspiração”. É um sistema fechado, não há saída de água dele, seja para para filtros ou sumidouros. Sua variação “círculo de bananeira” é uma técnica complementar usada para tratamento de águas cinzas.
5. Fossa séptica biodigestora: projeto desenvolvido pela Embrapa e em funcionamento em mais de 5800 unidades em todo o Brasil, de forma espontânea pelo próprio agricultor ou apoiado por instituições como a Fundação Banco do Brasil, CATI, Incra, entre outras públicas, bem como instituições privadas como a Fundação Cargill, por exemplo. Consiste em instalar tanques subterrâneos, com capacidades calculadas a partir do número de residentes. O sistema gera um adubo orgânico líquido que está sendo bastante empregado em fertirrigação. É de fácil instalação e baixo custo. O sistema é composto por três caixas de fibra de vidro interligadas. Mensalmente é adicionada ao sistema uma mistura de água e esterco bovino fresco, que fornece as bactérias que estimulam a biodigestão dos dejetos, transformando-os em um adubo orgânico. A Fossa Séptica Biodigestora não gera odores, não prolifera ratos, baratas e escorpiões, não contamina o meio ambiente, reduz gastos com insumos, ajuda a aumentar a produtividade e, principalmente, melhora as condições de saneamento básico dos moradores.
6. Segregação de águas cinzas e reúso: as águas cinzas são provenientes de pias, máquinas de lavar e banhos e possuem baixa contaminação. O Brasil já possui norma técnica, da ABNT que trata do tema: A NBR 13969 de 1997 no item que trata do reúso local, afirma que: “No caso do esgoto de origem essencialmente doméstica ou com características similares, o esgoto tratado deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais como irrigação dos jardins, lavagem dos pios e dos veículos automotivos, na descarga dos vasos sanitários, na manutenção paisagística dos lagos e canais com água, na irrigação dos campos agrícolas e pastagens”. Nos Estados Unidos, várias normas e leis tem sido criadas visando a permissão e/ou incentivo do reúso das águas cinzas. Neste país, a prioridade é o reúso em irrigação subterrânea e vários estados possuem suas cartilhas que auxiliam a montagem e implantação de sistemas.