Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil - Muitos ainda duvidam do potencial das tecnologias de baixo carbono para estimular o crescimento econômico, mas o mais recente relatório da consultoria Ernst & Young (EY) deixa claro que o setor está expandindo mesmo com o cenário mundial repleto de obstáculos.
O “Cleantech industry performance 2013”(Desempenho da Indústria de Tecnologia Limpa 2013) analisou 424 companhias que se enquadram nos critérios da EY como sendo de tecnologia limpa; são empresas que possuem ações em bolsas e que têm pelo menos 50% do seu capital ligado às atividades de baixo carbono.
De acordo com o documento, o valor dessas empresas subiu 18% neste ano, chegando aos US$ 170 bilhões. Além disso, a quantidade de empregos gerados por elas também aumentou, alcançando a marca dos 512.504, 12% a mais do que em 2012.
Vale destacar que ainda mais pessoas devem trabalhar com tecnologias limpas, mas por fazerem parte de companhias que atuam primariamente em outros setores não entraram no relatório. Um exemplo são as gigantes do petróleo, que apesar de normalmente possuírem departamentos ligados às energias renováveis, não tiveram seus postos de trabalho contabilizadas pela EY.
“Percebemos um aumento notável no desempenho das 424 empresas de tecnologias limpas. Mesmo diante de um período de consolidação para muitos segmentos do setor, problemas fiscais em alguns países e o contínuo impacto da crise financeira”, afirmou Gil Forer, analista da EY.
Uma das grandes causas para o crescimento no setor é o interesse cada vez maior do mundo corporativo por eficiência energética. O número de empresas listadas em bolsa que fornecem serviços e produtos com esse fim cresceu 14% neste ano e seu valor estimado subiu 25%, para US$ 34,6 bilhões.
As energias renováveis também mostraram sinais de recuperação, com a maior parte das companhias de geração apresentando lucros. Pelos critérios da EY, são 32 empresas nessa categoria, e as rendas delas alcançaram a marca de US$ 11,1 bilhões, alta de 32% com relação a 2012. Juntas, elas somam US$ 25,5 bilhões em capital, alta de 8%.
Porém, o número de empresas de equipamentos solares e eólicos caiu 2% neste ano. A situação está pior entre as de energia solar, que apesar de registrarem uma capitalização de US$ 28,8 bilhões, 14% a mais do que em 2012, apresentam uma queda de 16% nas rendas. As eólicas cresceram tanto em renda quanto em capitalização, respectivamente 14% para US$ 35,3 bilhões e 2% para US$ 30,8 bilhões.
Os biocombustíveis também mostram uma reação, com o número de empresas aumentando em 8% para 41. A capitalização subiu 25% para US$ 13,1 bilhões e as rendas 14% para US$ 26 bilhões.
A Ásia aparece como o principal mercado, com a China sendo o grande motor do setor. Para se ter ideia, metade dos empregos gerados no último ano foram em solo chinês.
“O setor de tecnologias limpas acelerou seu crescimento. Escassez de recursos, preocupações com segurança energética, crescimento populacional e aumento do consumo devido à expansão da classe média em países emergentes continuarão a estimular o setor. A China está se consolidando na posição de mais importante mercado de tecnologias limpas e deve ultrapassar os Estados Unidos como berço das companhias do setor”, concluiu Forer.