Uol - A Nasa --agência espacial norte-americana-- desenvolveu um sistema que permite a observação de ameaças de deslizamentos de terra causadas pela chuva em qualquer parte do mundo e quase que em tempo real. Um modelo inovador que foi detalhado em um artigo publicado nesta quinta-feira (22) na revista científica "Earth's Future".
Segundo os pesquisadores, a precipitação é o gatilho mais comum dos deslizamentos de terra em todo o mundo. E, se as condições sob a superfície da Terra já são instáveis, as fortes chuvas atuam apenas como a última gota que faz com que lama, pedras ou detritos - ou todos combinados - se movam rapidamente pelas montanhas e encostas.A partir de um multi-satélite chamado GPM (Global Precipitation Measurement), o novo sistema fornece estimativas de precipitações em todo o mundo a cada 30 minutos. O monitor estima a potencial atividade de deslizamento das áreas com precipitação pesada, persistente e recente. São considerados críticos os locais que excederem suas próprias médias de precipitação dos últimos sete dias.
Segundo a Nasa, em lugares onde a precipitação é excepcionalmente alta, o sistema usa um mapa de suscetibilidade para determinar se a área é propensa a deslizamentos de terra. Neste mapa são consideradas cinco características bastante impactantes: construção de estradas nas proximidades, remoção ou queima de árvores, falha tectônica, rocha fraca e encostas íngremes.
Se o mapa de suscetibilidade mostrar que a área com chuvas fortes é vulnerável, o modelo produz um alerta sobre a "probabilidade alta" ou "moderada" de deslizamento. O modelo produz novos alertas a cada 30 minutos.
"O modelo foi capaz de nos ajudar a entender os possíveis riscos imediatos de deslizamentos em questão de minutos", disse Thomas Stanley, especialista em deslizamentos de terra da Associação Universitária de Pesquisa Espacial em Goddard e coautor do estudo. "Ele também pode ser usado para ver retroativamente como a atividade potencial de deslizamento varia na escala global de uma maneira que não era possível antes."
A partir de uma análise comparada ao banco de dados de deslizamentos, com informações desde 2007, os pesquisadores identificaram inclusive uma "temporada de deslizamento" global em julho e agosto, provavelmente associado às temporadas de monções e ciclones tropicais nos oceanos Atlântico e Pacífico.