Os gráficos abaixo mostram os registros e as tendências do degelo no Ártico e na Antártica nos últimos 40 anos, de 1979 a 2019. Nota-se que o degelo no Ártico é muito mais rápido e apresenta uma redução de 7,3% por década, sendo que no mês de julho de 2019 foram computados 7,6 milhões de km2, bem abaixo da média de 9,5 milhões de km2 no período 1981-2010. Na Antártica, o mês de julho apresentou 15,3 milhões de km2, abaixo da média de 16 milhões de km2 do período 1981-2010
O degelo na Groenlândia também é dramático, como mostra o gráfico abaixo do National Snow and Ice Data Center, dos EUA. Após um inverno relativamente seco e primavera quente, a Groenlândia apresentou um grande episódio de derretimento de superfície no mês de julho, especialmente no dia 31/07/2019, com uma área máxima de fusão em 984.000 quilômetros quadrados. O derretimento foi detectado em toda a costa, exceto na ponta mais distante ao sul da camada de gelo, e se estendeu para o interior das regiões oeste central e centro-leste, quase até o cume. As áreas costeiras do leste e nordeste também se fundiram extensivamente.
O derretimento da Groenlândia até o final da primavera foi significativamente maior do que a média de 1981 a 2010, com várias áreas excedendo 10 dias de derretimento adicional acima da média e algumas regiões com mais de 20 dias. Apenas a ponta mais ao sul da ilha e uma região ao longo do lado sudoeste da camada de gelo estão abaixo da média até o momento, segundo o National Snow and Ice Data Center. A taxa atual de fusão é equivalente ao que o modelo mais pessimista projetava para 2070 (Shankman, 01/08/2019).

Todavia, chama a atenção que o padrão de queda na extensão de gelo, desde setembro de 2016, não tem paralelo nos últimos 40 anos, quando se começou as medidas por satélite. A curva de 2016 sofreu uma queda abruta no último trimestre do ano (outubro a dezembro) e continuou batendo recordes de baixa nos dois primeiros meses de 2017 e 2018. Embora tenha havido variações mensais, a extensão de gelo voltou a bater recordes de baixa nos meses de maio, junho e julho de 2019.
O gráfico abaixo mostra uma clara tendência de redução do volume de gelo marinho ao longo dos últimos 40 anos. De fato, medições diretas revelam que diversas geleiras estão derretendo 10 a 100 vezes mais rápido do que se pensava anteriormente, com implicações para o aumento do nível do mar e as pessoas que vivem em áreas costeiras.
Artigo de Sutherland et. al publicado na revista Science (26/07/2019) relata uma pesquisa com sonares mostrando resultados alarmantes, pois as geleiras estão derretendo mais rápido do que esperávamos. Do Alasca à Antártida, milhares de geleiras escorrem sobre a terra e correm para o oceano. As geleiras de maré estão recuando e derretendo rapidamente, como grande parte do gelo da Terra, aumentando continuamente o aumento do nível do mar.
O estudo de Sutherland et al. descobriu como sondar diretamente os processos de fusão e testou o método em uma geleira no Alasca. O que se descobriu é preocupante: a geleira está derretendo muito mais rápido do que as teorias atuais sugeriram, pois as taxas de fusão medidas foram cerca de 10 a 100 vezes maiores do que a teoria previa.
Pelo princípio da precaução a humanidade deveria se preocupar com a elevação do nível dos oceanos e isto não é para um futuro distante. Em julho de 2019 a cidade do Rio de Janeiro foi impactada pela ressaca. As praias do Rio perderam faixas de areia e houve degradação das estruturas. Na Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, com uma faixa de arreia cada vez menor, parte da ciclovia foi derrubada pela água. Em Copacabana, a areia desapareceu, nos postos 5 e 6, deixando à mostra pedras antigas e prejudicando os turismo. Ao longo do litoral brasileiro são inúmeros os casos de erosão e perda de benfeitorias (malfeitorias) e infraestrutura das praias.
O custo do aquecimento global e da subida do nível do mar será cada vez mais elevado e o número de pessoas atingidas será cada vez maior. O que aconteceu em julho de 2019 é apenas uma amostra do que virá no futuro.