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10/04/2012

Rio produz 1,2 milhão de tonelada de lixo por ano


Aterro sanitário de Gramacho está no seu limite, dizem especialistas
A partir de 2014 nenhuma cidade poderá ter lixões com terreno a céu aberto.

Portal G1 (RJTV)  A quantidade de lixo produzida no Rio de Janeiro chega a 1,2 milhão tonelada por ano. Esse número representa apenas o que é recolhido nas ruas, nas praias e nas lagoas. Se somar com o que vem das casas, esse dado chega a 9 toneladas por dia. Desse total de lixo recolhido, apenas três por cento é reciclado.
O RJTV lançou nesta segunda-feira (9) a campanha "Rio + limpo". Considerado o maior da América Latina, o aterro sanitário de Gramacho, na Baixada Fluminense, está no seu limite, afirmam os especialistas. Com 1,3 milhão de metros quadrados às margens da Baía de Guanabara, entre os rios Iguaçu e Sarapuí, o aterro possui 60 milhões de toneladas de lixo acumuladas e, segundo especialistas, foi criado no pior lugar possível.

Após 34 anos, o aterro será fechado no início de junho. Por lei, a partir de 2014 nenhuma cidade do Brasil poderá ter lixões com terreno a céu aberto, sem nenhuma preparação, onde o lixo contamina o ar, o solo e a água que corre debaixo da terra. De acordo com levantamentos, entre 2006 e 2007 havia 76 aterros. Atualmente são 29.

No entanto, os números oficiais ainda não constam os depósitos de lixos irregulares e criminosos, revelados pela presença suspeita de caminhões de lixo carregados onde deveriam passar só os de coleta. Na Zona Oeste, por exemplo, há lixões clandestinos nos fundos de uma favela em Curicica, escondido pela mata em Vargem Grande e no Recreio dos Bandeirantes.

Flagrante
Imagens gravadas no aterro clandestino do Recreio dos Bandeirantes mostram um homem descarregando restos de material de construção em um terreno perto do Parque Chico Mendes.

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, falou sobre os novos aterros sanitários que estão sendo implantados. Segundo ele, é preciso ir além do que está sendo feito.

"A separação domiciliar do lixo, além de dminuir a poluição e gerar renda para os catadores, aumenta a vida últil do aterro sanitário. Em vez de durarem 30 anos, eles vão durar 40. E se a gente conseguir converter uma parte do lixo em energia, vai passar para 60 anos a vida útil do aterro sanitário", disse Minc.

Em nota, a Secretaria municipal do Meio Ambiente informou que "realiza constantes fiscalizações na região da Zona Oeste, a fim de coibir quaisquer tipos de infração à natureza." A Secretaria informou também que a área usada como depósito de lixo não pertence ao Parque Chico Mendes. O orgão diz que vai enviar uma patrulha ambiental para vistorias os locais apontados na reportagem, para averiguar as denúncias e tomar as providências.

A Secretaria do Meio Ambiente pede, também, que a população ligue para o telefone 1746, que o teleatendimento da prefeitura, para denúncias.

Riscos à saúde
No aterro de Japeri, também na Baixada, há lixo de todo o tipo espalhado de qualquer jeito. Há seringas misturadas com lixo comum e poças de água cheias de larvas de mosquitos. Os catadores de lixo que atuam no local dizem que já se feriram até com caco de vidro. Eles vão recolhendo o que a cidade deixou pra trás.

“Aqui está tudo errado. Isso é um exemplo de um vazadouro de lixo onde a maioria das cidades brasileiras jogam o seu lixo. É uma área que não tem nenhuma proteção, há grande erosão em torno do lixão e problemas gravíssimos de saúde pública”, disse Adacto Ottoni, engenheiro civil sanitarista.“Esses catadores estão disputando o lixo com urubu, com o odor, com grande risco de contaminação”, completou ele.

Dona Glorinha ajuda a manter a ordem quando ocorre alguma discussão: “Eu falo: ‘vamos parar com a discussão. Cada um tem seu lugar de botar o seu material’. É a parte de catar em cada um a sua área? Sim”, disse ela.

Já Dona Maria vive de transformar restos em dinheiro. A catadora afirmou que as garrafas pet e latas de alumínio são revendidas e ajudam na renda: “Um saco de latinhas dessas daqui para mim deu R$ 6, porque é R$ 2 o peso. Se aqui der 3 kg é R$ 3, se der 5 kg, é R$ 5”, explicou.

Com o trabalho pesado, ela não pode viver longe do lixão. As poucas horas de descanso ela tira no único espaço que sobra: “Quando está calor eu boto só um lençol. Só isso. Eu sou sozinha, eu durmo assim”, completou ela.

Gente pra trabalhar na reciclagem, não falta. Dona Maria não desperdiça nada. Ela disse que se tivesse um galpão para trabalhar as condições seriam melhores: “Melhor do que ficar na chuva, na lama, porque quando chove... o sol também. Seria melhor do que viver no meio daquela lama, chuva, vento”, completou ela.

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