Maiores partidos da Câmara medem hoje força em votação polêmica, enquanto governo faz esforço de última hora para alterar projeto
Agência Brasil - O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), sintetizou assim o clima entre os dois maiores partidos da Câmara para a polêmica votação do Código Florestal, prevista para hoje: “O Código Florestal é uma questão muito maior do que o PT. São vários partidos que estão na base. O governo somos nós”, disse aoiG por telefone o peemedebista.
PT e PMDB entraram em rota de colisão após o relator da matéria, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), retirar do texto aprovado no Senado os percentuais mínimos de recuperação das áreas de preservação permanente (APPs) em torno dos rios. Pela regra, produtores rurais deveriam recompor 15 metros de vegetação nativa para cursos d’água com até dez metros de largura. Ao todo, ele propôs 21 mudanças.
O tema representa o primeiro desafio para os novos líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do PT, Jilmar Tatto (SP). Isto porque o relatório de Piau conta com apoio não apenas da bancada ruralista, mas também de Alves e de diversos partidos da base. “O PT tem direito de discordar. A democracia tem dessas coisas”, assinala o líder peemedebista.
“Mas o PMDB vai acompanhar o voto do seu relator. Até porque dentro do próprio governo tem posições diferenciadas. É o caso do Aldo Rebelo”, lembrou Alves, referindo-se ao ministro do Esporte, que foi relator do projeto na Câmara no ano passado, quando também enfrentou críticas dos ambientalistas.
Tatto afirmou que o PT prepara um destaque para fazer valer o texto aprovado no Senado. “Não importa o PMDB, porque muita coisa vai mudar até a hora da votação”, afirma o líder petista. “Não aceitamos a anistia aos desmatadores. Vamos apresentar um destaque para garantir que se vote o conteúdo do texto aprovado no Senado”.
O governo faz, no entanto, esforço de última hora para tentar contornar o problema. O receio é que, se aprovado como está, o projeto gere desgaste para a presidenta Dilma Rousseff, queprometeu vetá-lo caso haja mudanças. Ontem à noite, o ministro Mendes Ribeiro (Agricultura) mediou encontro entre Piau e Chinaglia para discutir possíveis alterações no texto.
“Não há nada pontuado, mas existe vontade de ambos os lados de se construir um acordo”, diz Piau. “É possível fazermos alterações no texto. Não adianta ter derrotados e vencedores no plenário. Se o governo foi derrotado, o veto vai criar instabilidade. Vamos trabalhar à exaustão pelo acordo”.
Outra frente de discussão acontece às 10h, no Palácio do Planalto, onde líderes da base se reunirão com os ministros Mendes Ribeiro (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para debater o assunto.
24/04/2012